18 julho 2008

Saber

Saber. De que serve o saber?
Pensar em saber demais, triturar saberes com sabores de fel, todos os dias. Não!
Não me deslumbro. Deveria? Talvez. Não quero.
Fecho-me. Mas eu sei que não basta saber.
Conheço as ambições egoístas dos que devoram o mundo, espezinhando os ossos já estilhaçados dos outros. Sei.
Muito esperneei, mas libertei-me das garras desses falcões, há tempos e levantei-me.
Ficaram cicatrizes de sangue que nunca mais sararam; são como um bem que existe para me ensinar que nunca lá hei-de voltar.
Saber. De que serve o saber?
Levantei-me para saber.
Saber desaparecer.
Morrer a saber. Querer.






27 maio 2008

Incompleto

Inverno. Pura corrente de ar, que trespassa a sala.
Um lar ainda embalado pelo amargo incompleto.
Espaço mutante, um tempo veloz projectado na mente ansiosa.
O que mais será hoje?
O amanhã já o sei decor. É.

10 abril 2008

Xiu!


29 dezembro 2007

Sim, vale a pena

Se ontem tivesse sido um dia bom, hoje estaria de ressaca.
Assim, mantenho a sobriedade na penumbra,
que me obriga a abrir bem os olhos, para ver algo mais do que me é revelado.

Há sempre opção. Já não há caminhos sem saída nestas coisas do coração.
Oh desesperos inúteis para os quais já ninguém tem paciência...nunca mais voltem. Adeus.

É já um cúmulo de tempo a analisar sentimentos, a viver experiências de extasiar os sentidos, a tomar conta da pessoa mais frágil que conheço, que é ao mesmo tempo a que sabe ser mais forte. Eu.

E este tempo de observação, emoção, paixão, persistência, consciência, razão, responsabilidade, adaptação. Vale a pena?
Sim. Vale a pena.
Mas desta vez mais logo. Mais tarde.
Depois do nascer do sol. Depois do frio passar.
Quando a fragilidade for definitivamente abraçada pela força própria de viver.

27 dezembro 2007

Direcção

Se o que me move tivesse já uma direcção bem definidida, marcada no tempo, riscada no espaço, poderia até ser muito menos eu.
O que me move é sentimento, é cor, antecipação de alegrias e desejo de prazer.
Se tivesse mais certezas perdia-me a encontrar outras dúvidas.
Permito-me não duvidar de mais nada. Avançar na direcção que escolhi, saltando cada obstáculo com aquele sorriso estampado na face, de quem alcançou mais um objectivo.
Não sei para onde vou. Não sei como vou. Mas, insisto que vou.

21 dezembro 2007

Apaixonei-me outra vez

Apaixonei-me.
Dei por mim a admirar características que pensava não existirem.
Descobri uma força grande vinda do mais profundo.
Encontrei-me com sentimentos de todas as espécies, em conflito, em conversa ou em harmonia.
Agora posso sorrir sem receios. Sentir sem medo. Acordar sem ressentimento.
Apaixonei-me.
Mas desta vez foi por mim.

09 dezembro 2007

Guardião do meu sorriso

É nos momentos em que tudo esqueço por te ter em mim, que me reconheço.
Quero dar-te este sorriso quente num beijo longo deslizando húmido pela nossa imaginação, que já é uma só.
Sinto-te. Aperto-te. Afagas-me e adormeço refeita para caminhar pelo gelo que me espera amanha, lá fora. A minha certeza é que guardas em ti o meu sorriso, como precioso, e que mo devolves sempre nos raros segundos de tranquilidade que conseguimos juntos. Mas quero que o continues a guardar contigo, dentro desse espacinho que tenho no teu coração. Comigo, o meu sorriso pode esmorecer e nunca mais aparecer. Morrer.


23 novembro 2007

Vou

Na ténue iluminação do presente, esboço o caminho que me espera.
Sinto-o sinuoso e agreste, mas certo.
Vou sem pressas, mas vou.

21 setembro 2007

Experiencia nova

Tenho andado entretida com as palpitações do meu coração.
As experiências são ricas e reveladoras de mundos paralelos bem à nossa vista. A inocência e curiosidade infindável das crianças lembrou-me que todos já fizemos perguntas. Mesmo os que insistem em dizer que tudo sabem. Nada mais profundo do que ensinar a menor insignificância a uma criança, mas exactamente no momento em que ela precisa de a conhecer.
Não podemos ser crianças para sempre, mas podemos lembrar-nos sempre que fomos.

24 julho 2007

Lágrima a cores

A força que tenho sorvo-a da vontade de arriscar.
Umas vezes grande, a encher o peito de ânimo e de energia o corpo, baila entre os impulsos energéticos do pensamento. Curva-se diante de uma plateia que se regozija de orgulho.
Outras vezes e agora, é pequenina, fina mas resistente. Estremece ao ver cair uma longa lágrima quando, ao som de Mozart, aquele quadro que ficou por pintar me vem ao coração dos olhos. Nunca se lhe pegou
a tinta. Escorre pela mesma caleira enleada com a lágrima, que vai colorizando.
A lágrima deixou de ser um longo pingo salgado e transparente. Da união da força com a agua cria-se a tinta de todas as cores. Voltará ao quadro, nem que seja num breve olhar que não vê, mas sente.
Um dia, a obra nascerá...o sonho existe.

08 julho 2007

“O que farias se não tivesses medo?”

Uma vontade de escrever move-me os dedos, mesmo longe do teclado.

Estou a pensar e a registar o que penso no vazio do ar, nas teclas da minha imaginação.

Penso no caos. Penso no mundo. Na ordem que muitos tentam impor, com opressão, e de que outros já desistiram, por acharem inútil continuar a remar contra a tal maré...que negra lhes invade o coração.

Cresce-me a cada dia uma vontade de gritar ao mundo que o amor ainda não morreu.

Prevejo que amanhã seja mais um dia comum, mas espero que depois venha o grande dia.

Aquele em que os corações não olhem a preconceitos, ambições, restrições e medos.

O dia em que será possível que cada um de nós reconheça e assuma perante o mundo o que de bom sente.

Os males são sempre exacerbados por todos os meios e tornam-se contagiosos. O mal dizer, o mal amar, o mar querer...

Mas acredito que em cada pessoa existe uma capacidade de amar, maior do que a de sentir raiva, ódio, vazio, solidão.

Percebi que essa capacidade, às claras, não pode ser exteriorizada porque fragiliza, expõe ao ridículo ou apenas deixa um laivo de frustração ou uma machadada na simulada auto-estima.

Mas certo é que é o coração que nos move.

Se existe o ódio, existe também o amor pelo contrário do objecto odiado. Porque não concentrarmo-nos apenas no sentimento bom?

Exijo de mim um olhar atento a todos os passos.

Agora que sei que no caos se passeiam por todo o lado corações cheios de amor para dar, paixões oprimidas pelo preconceito, amores escondidos pelo medo...posso descansar.

O caos afinal é, ironicamente, composto pelo dissimular das emoções mais fortes, mais quentes e mais profundas.

Sempre que o mundo parecer acabar, há um amor a esconder-se por entre as brumas da necessidade de ter já, aqui e agora.

É preciso esperar...ler as legendas com calma e avançar para novos desafios, sem medo.

“O que farias se não tivesses medo?”

27 maio 2007

Mais do mesmo...

Mais do mesmo? Não, obrigada.
Vou fazer o que faria se pudesse fazer o que quero.

11 maio 2007

À flor da pele

Tenho o amor a crescer mais do que o meu peito.
Quer sair e enrolar-se no teu corpo, que os meus olhos so vêm quando se fecham.
Sonho contigo apesar da tua ausência.
Sonho a dormir e sonho em cada passo que dou.
Sonho contigo acordada porque te sinto à flor da pele.

22 abril 2007

Devir

Abri os olhos.
Fechei os enredos da incessável sede de explicação.


Acordei parte de mim da sonolência destruídora da ordem.


A aceitação do imutável afinal não é conformismo, é uma força voluntária e consciente de produzir tranquilidade.

Afectos escondidos no medo da negação dos afectos. Não.
Estou limitada pelo que não disse, mas sou movida por isso mesmo que afinal sinto profundamente.

Entropia.

A conclusão que retiro é que do caos surge a ordem, porque cada conceito contém em si mesmo o seu contrário. Há que parar e compreender as rotas esguias das ligações mentais.

Sem mediocridade, agora eu:
Descanso, suspiro, medito, apaixono-me, respiro, penso, inspiro, escrevo, desafio, vivo e
descanso...





04 abril 2007

Encerrado para remodelação mental

Parte II