05 setembro 2006

História de criança

Quem não sabe onde pertence vai sabendo estar em todo o lado. Aprendi cedo.
Na minha infância houve um campo de papoilas vermelhas e frágeis. Foi lá o primeiro sitio onde aprendi a estar. Cheguei pela mão do meu pai e corri por entre as flores, mas elas perderam as pétalas. Quis oferece-las de presente à minha mãe e colhi-as. Ao chegar a casa só tinha os caules. Ela riu...eu chorei. Fui aprendendo a apreciar a sua beleza ao longe, se lhes tocava desfaziam-se em pedaços cor de fogo num chão de feno.
Percebo agora que nessa manhã de domingo, era eu ainda criança, aconteceu pela primeira vez uma constante nos meus afectos. Encanto-me, apaixono-me quero tocar com todo o sentimento, mas desfaço tudo onde ponho as mãos. No entanto, continuo a não me contentar com a contemplação, pelo menos quando fecho os olhos e nos imagino a correr por aquele campo sem fazer cair as pétalas das papoilas.

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